Normalmente o comportamento de crianças tímidas tende a passar despercebido pelos pais e professores pelo estereótipo de criança, boazinha, obediente, educada e até mais inteligentes.
Chegam a ser usadas como referência por pais de amiguinhos como criança exemplo, reforçando a timidez e a crença de que só é valorizada se ficar quietinha.
Crianças tímidas por não apresentarem comportamentos perturbadores, passam muitas vezes despercebidas aos olhos dos professores e pais, porém tão quanto às crianças excessivamente peraltas, poderão apresentar sérios problemas de relacionamento e inadequação psicossocial no decorrer de seu desenvolvimento podendo inclusive vir a serem classificadas com transtornos.
São utilizados diversos termos que se confundem com a timidez, como por exemplo: inibidas, retraimento social, isolamento, medrosas. É necessário saber diferenciar:
Timidez tem a ver com menor interação interpessoal, crianças que interagem pouco com seus pares e limitam-se às pessoas específicas, facilmente permanecem sozinhas, isoladas. Possuem maior dificuldade de interagir com adultos, a chamada inabilidade social.
Há uma linha tênue entre o comportamento espontâneo da criança em se isolar de seu grupo, e o isolamento da criança por iniciativa do seu grupo, pares e até mesmo exclusão.
A timidez pode ocorrer por fatores de predisposição (características de personalidade, modelo de família, comportamento dos pais e temperamento) ou por déficit de habilidades sociais.
Existem alguns comportamentos que podem ser evitados quando se tem próximo uma criança tímida:
1. Apreciar e elogiar a criança tímida pelo seu comportamento quieto – portanto não perturbador, comparando-a inclusive com as crianças mais ativas.
2. Inobservância do comportamento da criança que evita sair de casa para não se expor a situações desafiadoras de contato.
3. Punição ou desatenção com o comportamento da criança, por exemplo, quando esta interrompe a atenção dos pais em dado momento, dando vazão ao sentimento de rejeição ou castigo o que a faz entender que expressar-se gera retaliações.
Características mais freqüentes das crianças tímidas:
• Dificuldade em olhar nos olhos de outras crianças ou adultos
• Dificuldade em demonstrar alegria e sorrir
• Respondem apenas o que é perguntado
• Fala em monossílabos
• Fala em tom baixo
• Assustam-se frequentemente
• Barulhos excessivos lhe incomodam
• Sentem-se incomodadas com muitas pessoas
• Não expressam vontades
• Dificuldade na relação com crianças desconhecidas
• Dificuldade em manter diálogo com crianças conhecidas
• Suor nas mãos
• Dificuldade em sair de perto dos pais em eventos externos
• Dificuldade em deixar-se ser vista
• Opta por ficar maior tempo dentro de casa
• Na escola fala de forma restrita com colegas e professor
• Isola-se em horários de intervalo ou então fica sempre com o mesmo amigo
• Não gosta de possuir objetos que chamem atenção das demais crianças
• Só fazem o que lhes é pedido
• Expressam medo em sua fisionomia
• Aceitam facilmente que as vestimentas sejam escolhidas pelos pais e raramente expressam vontade de vestir uma determinada roupa
• Nunca se defendem
Como os pais e professores podem auxiliar no desenvolvimento da criança possibilitando maior interação social?
• Ser paciente, conversando com a criança mesmo que inicialmente não obtenha respostas – é um treino e ninguém muda da noite para o dia
• Brincar com a criança, com brinquedos do tipo perguntas e respostas,
• Brincar de desenhar e cada um fala de seu desenho, brincando com as cores
• Questionar a criança quanto as suas atividades na escola, com amigos, mostrando-se receptivo pelo que ela responde
• Não criticar ou dar opinião contrária à da criança para brincadeiras onde o que vale é a opinião individual dos participantes
• Elogiar sempre os sucessos ou tentativas em solucionar ou realizar algo
• Abolir por completo a prática de comentar na frente da criança sobre sua timidez e comportamento com qualquer outra pessoa
• Não resolver situações pela criança em função de sua dificuldade e sim estimular a fazer mesmo que não saia perfeito
• Não elogiar a criança por ser quieta comparando-a com outras crianças
• Não punir a criança quando esta fizer algo e por algum motivo não der certo, mas sim elogiá-la por ter tentado.
Caso as ações acima já sem praxe do convívio familiar, é importante levar à criança para uma avaliação psicoterapêutica.
Texto de autoria de Selma Alves da Silva